sábado, 15 de dezembro de 2012
sábado, 24 de novembro de 2012
And the life goes to...
Coloco a minha armadura, meus fones de ouvido e vou rumo à academia.
O céu tá azul, vou pensando no que tá acontecendo a minha volta e concluo: tá
tudo errado. E não é comigo, não é a umidade relativa do ar ou com o resultado
das eleições (pelo menos não só isso). O mundo tá todo de cabeça pra baixo. Os
valores tão invertidos e já não temos nosso próprio tempo. Tô começando a minha série e me pergunto: cara,
cadê noção? Fazer protesto feminista andando pelada não te torna mais cidadã,
criticar os outros não te faz melhor que ninguém. Falar meia verdade não é ser
sincero, ter caráter envolve em muito respeitar o próximo e não trair tá
incluso nisso. Quem ama cuida, mas também dá esporro, vai contra e bate o pé -
até porque passar a mão por cima nunca foi sinal de amor, mas de fraqueza e
complacência. Amor nunca foi, nem nunca será a solução dos teus problemas: ele
é a recompensa por tu ter posto tudo no lugar, por tu estar no lugar. Ser simpático com os outros não faz cair pedaço
e a arrogância é, em sua maioria,
disfarce pra insegurança. Errar é preciso? Então que se aprenda com isso. Se
for perdoado, aproveite a oportunidade pra se redimir e fazer melhor. A vida
até pode te dar uma segunda chance, só não espere isso de todos – muito menos de
mim.
Terminei meu agachamento e a dor que eu sinto não tá no gibi.
Sei nem como vou subir até o terceiro andar sem elevador, mas dô um jeito porque,
tirando o meu adutor da coxa, tá tudo legal. Tô legal porque sei que toda dor é
necessária e recompensada. Que pra chegar onde se quer tem que ter sofrimento,
sim! E se tu não teve, é porque pegou um atalho da vida (and every magic comes
with a price) ou porque se contentou com qualquer coisa pelo meio do caminho. Se
toda ação tem uma reação, ação nenhuma só reflete estagnação e comodismo. O drama da tentativa pode resultar na tragédia
do insucesso, mas quanto vale o ingresso
– e a certeza - de ser apenas expectador da própria história? E nem vem com aquele papinho fraco de destino: tu é o que tu quiser ser, e tua vida será reflexo disso.
Minha consciência tá tranquila e, se o mundo tá certo, eu tô
predestinada a ser errada assim mesmo. Sei que tenho muito pra sentir, pra
aprender, pra viver; que eu quero ser muita coisa, mesmo já sendo bem mais do
que eu esperava com 20 e poucos anos. Enquanto minhas pernas tão aqui “de molho”, tô aproveitando cada segundo. Pra
luta e pra vida eu tô pronta, sempre estive. Os acomodados que se retirem.
terça-feira, 23 de outubro de 2012
domingo, 6 de maio de 2012
quinta-feira, 3 de maio de 2012
Era uma tarde nublada, minuano batendo forte na janela
enquanto ela lia – atenta e desdenhosamente – as frases iniciais que lhe
pareciam tão vazias quando a xícara de chá no bidê: “somo uma fração e
precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos”. Tédio.
Era o que pensava sobre o amor, um tédio. Andava cercada de amor demais
ultimamente. Não tinha nada contra, apenas parecia que não lhe servia, tal como
aquele jeans do verão passado. Mas ficava bem na maioria, não? Achava lindo o
casal pelo de mãos dadas pelo Vale, a companheira inseparável cheia de amores por
aquele amigo de infância, ou até os passarinhos ali do outro lado da janela, juntinhos
no ninho pra se fugir da chuva que começava a cair. Não importava a espécie,
não importava a idade, o amor tava em todas. Era como se ela fosse um
quebra-cabeça incompleto, e lhe faltava aquela pecinha que faria toda a
diferença. Será que era tão errada assim? Afinal, ela amava seus solos de
guitarra ao pé do ouvido, sua boa massa à carbonara, seus seriados sagrados. E
claro, seus amigos fiéis. Afinal, era uma forma de amor. Sentia falta do calor,
do peso, da barba da semana passada – sentia desejo. Não tinha problema com
isso, pelo contrário – amantes nem de longe eram sinônimos de amor. Ao seu redor, todos pareciam aceitar seu modo
de ser, mesmo sob os normais protestos “isso passa, tu vai ver”. Mas, ao mesmo
tempo que estava certa que de que esse way of life lhe servia, sentia uma culpa.
Não é que não se imaginasse com uma família cheia de filhos e um amor louco,
viagens desastrosas pra praia e inúmeras noites aconchegantes sob os edredons
felpudos. Era só que não parecia se encaixar nisso tudo. Depois dos três
minutos iniciais, despertava do sonho e carregava uma culpa por ser assim, ou
querer parecer assim. Deslizando os olhos pelas últimas linhas, ainda pensava se
havia algum mal em ser de ninguém. Seria pecado querer pertencer a si mesma? “Nem
sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender
a perdoar a si mesmo”. Terminou de ler e até que fazia sentido. Soou-lhe então o
barulho que vinha da cozinha: era a chaleira, avisando que a xícara ficaria
cheia novamente. Levantou-se saltitando pelo apartamento vazio, e percorrendo o
corredor, como se fosse uma dança, pensou “vou escrever algo sobre mim...”.
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